Rio Social...
“... Dá uma geral, faz um bom defumador
Encha a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia aproveita tá calor
Vai pegando uma cor
Que eu tô voltando
Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar
Porque eu tô voltando...”
(Tô voltando – Maurício Tapajós)
Voltei... voltamos!!!
Então... Foi na terça-feira, dia 29/03. Sensacional!
O propósito desse blog é dar aos amigos e visitantes uma impressão nossa sobre o Rio de Janeiro, há algum tempo não fazemos isso, estávamos de férias, por assim dizer, mas eis que chegou a terça, dia 29/03 e ele veio com um convite meio estranho: “Tá afins de um show do AfroReggae no Canecão?!”
Bem eu estava há tempos querendo ver uma apresentação do AfroReggae e tb estava com vontade de conhecer a mais famosa casa de shows do Rio, o Canecão. Como estava me sentindo entediada de ficar em casa, disse “sim”.
O Canecão, pra quem não conhece é como o Olímpia, de Sampa. Muito parecido mesmo.
O AfroReggae tinha um propósito para estar na casa nessa noite, a entrega do prêmio Orilaxé * e a comemoração de 12 anos de existência do Grupo Cultural AfroReggae (GCAR). Nos encontramos no horário combinado, fomos comer alguma coisa no Rio Sul (um shopping), conversamos, rimos como de costume e entramos no Canecão sem saber muito bem o que esperar.
Só lá dentro percebi que algo diferente estava acontecendo, sentamos em uma mesa e eu, como de costume, comecei a olhar ao meu redor. Já havia lido o que representava a tal premiação e lá pude ver o quão importante ela é para as comunidades carentes e pra todos os que se envolvem grandiosamente com as questões sociais. São pessoas que necessitam e pessoas que colaboram, essas últimas se envolvem de uma forma com as questões sociais (violência, educação, dinheiro, integração social...) invejável, não são como “nós” que simplesmente contribuímos fazendo a nossa parte sem nos darmos conta de que a nossa parte é pouco.
Lá estavam presentes jovens, pessoas de meia idade e alguns idosos, a maioria era das comunidades (Vigário Geral, Parada de Lucas e outras) assistidas pelos projetos do GCAR, mas essa noite reservava mais, reservou a presença de MV Bill, Gerald Thomas (que publicou sua impressão sobre a premiação em uma coluna na Folha de S. Paulo), jornalistas, a Fernanda Abreu (apresentadora do prêmio), a Mart’nália (filha do Martinho da Vila), B Negão, Zuenir Ventura... esses a gente conhece! E se eu dissesse nomes que muita gente não sabe quem é pq não vive na mídia?! Eles deram um show!
Ver a versão nacional e melhorada do Stomp (segundo Gerald Thomas) com os meninos do Afro Lata, aquela vibe, aquele gingado, que delícia! Ver as meninas do Akoní, ver que eles tocam com o coração e tocaram o coração de todos ali, ver o Gil... ondas de arrepio tomaram meu coração, estávamos ali, em pé de igualdade, nos emocionando com as mesmas imagens. Ele era um espectador como eu, óbvio que isso durou até sua subida ao palco para receber seu prêmio e nos agradar com sua voz cantando. Ele é lindo!
Mas sabe o que foi mágico?! A hilariante, inebriante, e surpreendente apresentação da Polícia Militar de Minas Gerais. Eles chegaram tímidos, com pouca intimidade com seus tambores, adultos, uniformizados, diferentes daqueles jovens descontraídos das comunidades, com carinha de quem se pergunta: “o que estou fazendo aqui?!” E vieram, e deram um show, tocaram, sambaram, rebolaram, fizeram graça, arrancaram risos, simularam um strip tease e vestiram a camiseta do GCAR. Sem palavras pra descrever o que senti... eu e meu cúmplice amamos.
Ah! O Léo ficou pasmo qdo o MV Bill cumprimentou-o, me confidenciou que se sentiu um membro da comunidade.
Teve show dos anfitriões da noite e teve apresentação da Orquestra Sinfônica, teve Gil cantando e dançando no palco e teve convite pra vermos um show completo no Circo Voador na quinta-feira, mas não fomos...
Vou terminando com um trecho do comentário feito pelo Gerald Thomas (do qual nem fã sou, mas suas palavras foram sábias): “Só mesmo o Afro Reggae pra quebrar os preconceitos e as barreiras: tem negro e tem quase negro, tem ex-marginal e tem Policia fazendo strip tease. Só não tem uma coisa: violência. Em nenhum dos seus eventos, as Conexões Urbanas, ocorrem atos de violência. E isso nas regiões conhecidas pelas piores troca de tiros no cotidiano carioca.”
Ah! Aqui no Rio as coisas não terminam em pizza, mas em Funk, guiado pelo DJ Marlboro... fomos embora!
* Na linguagem dos povos iorubás, nossos ancestrais africanos, orilaxé quer dizer “a cabeça tem o poder de realização”.
Ai, que gostoso abrir esse site e ter uma nova e emocionante história para ler!!
Muitas saudades... dessa terrinha gostosa que é o Rio, da forma deliciosa que vcs escrevem e, principalmente, de vcs!!!
Bjo grande!!
Fe Jôlo
6:01 PM